por favor,
me escreva uma vela!
acenda uma verdade
no escuro do meu desejo.
E assim vai o poeta, como hábil escultor/esculpindo em pássaro/imprimindo em nuvem/o seu amor/com lápis de cor./Lapida em tudo que é morto/quanto é bom ser vivo./Tudo que um dia foi e quis ser de novo/emerge a pleno no coração do poeta./Sereias que súbito sobem à superfície.
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
entressafra
Há um relógio mordendo o meu sono,
estragando minha viagem
aos planetas siderais.
Ó meu Tempo maltratado,
que mal te fazem os mortais!
(A flor que eu fui tem andado ocupada,
passeando por outros
carnavais...)
estragando minha viagem
aos planetas siderais.
Ó meu Tempo maltratado,
que mal te fazem os mortais!
(A flor que eu fui tem andado ocupada,
passeando por outros
carnavais...)
fragmento
"o ser humano é um frágil bicho,
desprotegido de si mesmo
e bonitinho como só!
ah, amar
a vida assim..."
desprotegido de si mesmo
e bonitinho como só!
ah, amar
a vida assim..."
noite negra
Eu primo é pela Grande Implosão.
Vem a nós, Mundo,
Aperta-nos
"Demoradamente entre os teus joelhos"
Até existires dentro de nós,
e não mais nós dentro de ti...
(Até tu virarmos pó!)
Vem a nós, Mundo,
Aperta-nos
"Demoradamente entre os teus joelhos"
Até existires dentro de nós,
e não mais nós dentro de ti...
(Até tu virarmos pó!)
onde mora a flor
Eu não tenho nome, exalo.
Moro tudo em que me calo.
Meu perfume deu-me um nome,
mas meu nome deu-se ao vento!
Vem calar-te tu também,
sente o mar que sopra além...
...do falar vem o teu pranto!
Bebe o copo
do meu Canto.
Moro tudo em que me calo.
Meu perfume deu-me um nome,
mas meu nome deu-se ao vento!
Vem calar-te tu também,
sente o mar que sopra além...
...do falar vem o teu pranto!
Bebe o copo
do meu Canto.
a música que a Criação
Certa vez, ouvi do mundo:
"Pode revirar, apertar e espremer.
Do meu corpo, nunca ciência.
Só vai sair poesia!
Nãos vás tu me espremer
nessas tuas parcas palavras.
Deste teu Rodamoinho
dá-me só a tua Roda!
Sou as imagens
com as quais tu te iludes,
exalo minhas notas
suaves e rudes...
Delícia em teus olhos,
me arcoiriso:
no céu ponho um vôo
só para abrir teu riso.
Não tritures tudo isso
no moedor das palavras,
Não permita ao Rodamoinho
destruir a minha Roda!"
"Pode revirar, apertar e espremer.
Do meu corpo, nunca ciência.
Só vai sair poesia!
Nãos vás tu me espremer
nessas tuas parcas palavras.
Deste teu Rodamoinho
dá-me só a tua Roda!
Sou as imagens
com as quais tu te iludes,
exalo minhas notas
suaves e rudes...
Delícia em teus olhos,
me arcoiriso:
no céu ponho um vôo
só para abrir teu riso.
Não tritures tudo isso
no moedor das palavras,
Não permita ao Rodamoinho
destruir a minha Roda!"
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
sábado, 31 de agosto de 2013
para Mario
Ah, meu céu de ouro bordado,
meu leonino ensolarado!
Nem sei quem é mais felino:
tu ou teu verso menino...
meu leonino ensolarado!
Nem sei quem é mais felino:
tu ou teu verso menino...
convite
Chega aqui, meu bom poema
(mais fiel dos meus amantes...)
É
em
ti
que
eterna
bailo
o serei eu
como
era
antes!
(mais fiel dos meus amantes...)
É
em
ti
que
eterna
bailo
o serei eu
como
era
antes!
domingo, 11 de agosto de 2013
ariel
As estrelas são as sereias do céu.
Sua voz nos ilumina.
Ouve que baixinho cantam
o silencioso mar da noite...
Abre bem teus olhos, ouve.
Ouve atentamente o brilho...
No instante em que as ouvires
entrarás na eternidade.
Sua voz nos ilumina.
Ouve que baixinho cantam
o silencioso mar da noite...
Abre bem teus olhos, ouve.
Ouve atentamente o brilho...
No instante em que as ouvires
entrarás na eternidade.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
à flor da rosa
Que teu ouvido de arte
ouça místicos dizeres:
Nós nascemos para amar-te
desde antes de nasceres...
ouça místicos dizeres:
Nós nascemos para amar-te
desde antes de nasceres...
terça-feira, 16 de julho de 2013
à luz da lareira
"Não me deixem ir tão só,
Tão só, transido de frio..."
Ah, Mario, que me ensinaste tantas imagens...
Linda imagem esta!
És um avô deixado ao relento
todo lento e arredio...
Lentamente costurado
ao casaco do teu frio.
Tão só, transido de frio..."
Ah, Mario, que me ensinaste tantas imagens...
Linda imagem esta!
És um avô deixado ao relento
todo lento e arredio...
Lentamente costurado
ao casaco do teu frio.
"nós não podemos viver sem imagens"
O céu sacoleja os cabelos brancos.
E o dia se espalha
bem
desatento.
À cata da noite
(perdido entre as nuvens)
fareja um sol sonolento.
O sol faz farelo
sobre este momento.
Despeja amarelo
no meu firmamento.
E fica firmado
em mim o momento:
o sol é meu rei
sou seu vassalo-
vento.
E o dia se espalha
bem
desatento.
À cata da noite
(perdido entre as nuvens)
fareja um sol sonolento.
O sol faz farelo
sobre este momento.
Despeja amarelo
no meu firmamento.
E fica firmado
em mim o momento:
o sol é meu rei
sou seu vassalo-
vento.
oração
Dedico todos os poemas que eu vier a escrever nesta vida
a ti, meu amor
a ti, minha menina
Poesia,
fruta louca de tão linda...
a ti, meu amor
a ti, minha menina
Poesia,
fruta louca de tão linda...
e nos longes da fazenda
Eu não faço poesia.
A poesia faz-se em mim,
sou-su-a- lo-co-mo-ti-va.
Escolheu
a mim e a outros
para habitar.
E ferozmente habita-nos.
Precipita-se-nos.
E nós docilmente
(servilmente)
lhe emprestamos o lombo como cavalos.
Eia, Poesia!
Cavalos somos todos,
cavalos mortos de fome.
Aqui o pasto é rei
e pangaré não tem nome.
A poesia faz-se em mim,
sou-su-a- lo-co-mo-ti-va.
Escolheu
a mim e a outros
para habitar.
E ferozmente habita-nos.
Precipita-se-nos.
E nós docilmente
(servilmente)
lhe emprestamos o lombo como cavalos.
Eia, Poesia!
Cavalos somos todos,
cavalos mortos de fome.
Aqui o pasto é rei
e pangaré não tem nome.
enfim, livre
Caçadores que somos,
passamos a vida a perseguir a lebre da infância.
(Shh. Faz silêncio, agora...)
...Mas ela sempre se nos sai mais rápida.
Sai-se-nos!
Fugiu.
Corre ligeiro,
quase levita.
Em seu lugar não compramos
gatos
coelhos
ou vacas.
Queremos sempre a lebre.
(Não há mais remédio.
Queremos a febre.)
passamos a vida a perseguir a lebre da infância.
(Shh. Faz silêncio, agora...)
...Mas ela sempre se nos sai mais rápida.
Sai-se-nos!
Fugiu.
Corre ligeiro,
quase levita.
Em seu lugar não compramos
gatos
coelhos
ou vacas.
Queremos sempre a lebre.
(Não há mais remédio.
Queremos a febre.)
cristal
Não queiras ferir a fina
natureza de um peixe.
Não queiras turvar suas águas.
Pode ser que ele te deixe...
Natural o peixe nada
justo para se afogar.
Não penses que quer ajuda
ou ser salvo deste mar.
Nada em uma direção.
E para nunca mais voltar.
natureza de um peixe.
Não queiras turvar suas águas.
Pode ser que ele te deixe...
Natural o peixe nada
justo para se afogar.
Não penses que quer ajuda
ou ser salvo deste mar.
Nada em uma direção.
E para nunca mais voltar.
domingo, 14 de julho de 2013
sobressalto
E hei de descobrir um dia
que aquela criatura amada
À qual eternamente cantamos...
Carentes...
Desde o dia em que ela nos descobriu
Não é ninguém senão ela: a própria Poesia!
O fim é o início
meu grande
amor...
que aquela criatura amada
À qual eternamente cantamos...
Carentes...
Desde o dia em que ela nos descobriu
Não é ninguém senão ela: a própria Poesia!
O fim é o início
meu grande
amor...
romã
todos os poemas falam de amor
porque todos os poemas falam a ti,
Poesia,
grande amor
fruta louca de tão linda...
porque todos os poemas falam a ti,
Poesia,
grande amor
fruta louca de tão linda...
terça-feira, 2 de julho de 2013
bala de côco
Não, não queiras só mamar
ou somente amamentar.
A vida quer e precisa
inventar-te outro pedaço.
Inventar um outro jeito
de um pouco te acarinhar.
ou somente amamentar.
A vida quer e precisa
inventar-te outro pedaço.
Inventar um outro jeito
de um pouco te acarinhar.
terça-feira, 18 de junho de 2013
a clock of beauty is a time for ever
não existe remédio pr´a alma:
é sentar e escrever.
só assim é que o relógio
ao mundo pára de bater.
coração do tempo, vibra!
já não hei de te temer.
vem deitar
aqui no meu leito
vem entrar
aqui no meu peito
e escuta o silêncio
que a idade deixou...
foi aqui que os seus motores
a cidade estacionou!
fecha os ouvidos e escuta
o que a noite preparou...
o porão-túnel do tempo
nossa alma evaporou.
é sentar e escrever.
só assim é que o relógio
ao mundo pára de bater.
coração do tempo, vibra!
já não hei de te temer.
vem deitar
aqui no meu leito
vem entrar
aqui no meu peito
e escuta o silêncio
que a idade deixou...
foi aqui que os seus motores
a cidade estacionou!
fecha os ouvidos e escuta
o que a noite preparou...
o porão-túnel do tempo
nossa alma evaporou.
moon river ("o" de amor)
"Morde com gosto
a cereja da vida.
Gostoso é ser doce
depois de sofrida."
vó, vem pra perto
mais perto de mim.
sou teu recomeço
e não o teu fim.
se eu te aconteço,
p´ra ti digo sim,
a vida mereço:
já moras em mim.
eu te pertenço
e de ti preciso.
só assim que posso
não mais ser narciso...
me deixo fluir
me deixo levar
como um rio miúdo
correndo pro mar.
o rio está rindo...
não pode parar.
o mar é tão grande.
e só sabe amar.
a cereja da vida.
Gostoso é ser doce
depois de sofrida."
vó, vem pra perto
mais perto de mim.
sou teu recomeço
e não o teu fim.
se eu te aconteço,
p´ra ti digo sim,
a vida mereço:
já moras em mim.
eu te pertenço
e de ti preciso.
só assim que posso
não mais ser narciso...
me deixo fluir
me deixo levar
como um rio miúdo
correndo pro mar.
o rio está rindo...
não pode parar.
o mar é tão grande.
e só sabe amar.
longas tentações
O que a tarde em mim provoca
em todas as estações?
Verão...
verão...
Pelo fio dourado da tarde
vem descendo o meu verão.
Ah, verão, se és meu trem
quero ser tua estação!
Vem verão, encosta ao meu
este teu cálido rosto.
Antes que o sol lentamente
em abril tenha se posto...
em todas as estações?
Verão...
verão...
Pelo fio dourado da tarde
vem descendo o meu verão.
Ah, verão, se és meu trem
quero ser tua estação!
Vem verão, encosta ao meu
este teu cálido rosto.
Antes que o sol lentamente
em abril tenha se posto...
"menos que nada, etéreo sopro" - a uma bailarina
Ah, menina-vento...
que tarde tão fresca
sopra em teus cabelos!
Rajada de alento
à minh´alma de apelos.
Se eu não posso viver-te,
se eu não posso dançar-te,
ao menos de longe
serei tua parte:
Derrama no palco
o teu corpo de arte...
que tarde tão fresca
sopra em teus cabelos!
Rajada de alento
à minh´alma de apelos.
Se eu não posso viver-te,
se eu não posso dançar-te,
ao menos de longe
serei tua parte:
Derrama no palco
o teu corpo de arte...
mímolos
Bem-vindo à Casa
dos Sentimentos Transparentes.
É só aqui que eu sei morar.
Aqui não é
o lar que faz os parentes
Aqui os parentes constroem
com sábia paciência
e sólidas pedras do mar
o líquido cristal...
a lenta morada do amar.
dos Sentimentos Transparentes.
É só aqui que eu sei morar.
Aqui não é
o lar que faz os parentes
Aqui os parentes constroem
com sábia paciência
e sólidas pedras do mar
o líquido cristal...
a lenta morada do amar.
à de sempre
Aquelas que fomos
um dia crianças
nos fazem quem somos
em nossas andanças.
Caminhamos juntas,
as quatro de mãos dadas.
É nossa e é delas
a longa jornada.
A estrada é sem volta...
E tão longa é a ida!
Que leve lhe torna
uma amiga querida...
Amiga querida é pouca palavra.
A palavra certa é toda-uma-vida.
um dia crianças
nos fazem quem somos
em nossas andanças.
Caminhamos juntas,
as quatro de mãos dadas.
É nossa e é delas
a longa jornada.
A estrada é sem volta...
E tão longa é a ida!
Que leve lhe torna
uma amiga querida...
Amiga querida é pouca palavra.
A palavra certa é toda-uma-vida.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
arroubo
Nós, adultos, nos colhemos.
Do passado somos frutos.
Ser criança é uma árvore,
e não existe futuro.
Quanto mais velhos ficamos
mais o fruto é maduro.
E quando formos crianças
e quando formos felizes
veremos que o fruto é maduro
porque é todo raízes.
(Caímos de maduro
os eternos aprendizes.)
Do passado somos frutos.
Ser criança é uma árvore,
e não existe futuro.
Quanto mais velhos ficamos
mais o fruto é maduro.
E quando formos crianças
e quando formos felizes
veremos que o fruto é maduro
porque é todo raízes.
(Caímos de maduro
os eternos aprendizes.)
quarta-feira, 5 de junho de 2013
ensaio de oração
"ai meu Rio de Janeiro,
pára de me olhar assim!
Que este teu olhar de anjo
te transforma no meu fim.
De pra ti dizer que sim
de pr´aí me transportar.
De morar numa cidade
que casou o céu com o mar."
pára de me olhar assim!
Que este teu olhar de anjo
te transforma no meu fim.
De pra ti dizer que sim
de pr´aí me transportar.
De morar numa cidade
que casou o céu com o mar."
dedos de noiva
como a um copo de lírio
à noite serena
lhe caem as pétalas de prata
caramelos escorrem,
formosa,
deste teu nome de nata...
à noite serena
lhe caem as pétalas de prata
caramelos escorrem,
formosa,
deste teu nome de nata...
sábado, 18 de maio de 2013
carolinda
I.
Vi então uma menina.
Sua cor era: que linda.
Vejo-a tão peregrina
e tristemente me enrisonho.
Ponho-me a pensar que ainda
seu cabelo é cor de sonho...
"Queria pegar-te ao colo,
levar-te a ver o mar.
Sem podê-lo, me consolo
imaginando-te chorar."
II.
"Que é que aconteceu contigo,
que não rimas, que não choras?
Te esqueceste que um amigo
abranda-te o passar das horas?
Se tu escreves, tu te moves
rumo a um elevado andar.
Quero que tu te renoves
vejas que escrever é orar.
Então orarei por ti,
minha primeira comunhão.
Sei que não fui batizada
mas te quero dar a mão.
Une-te a mim pelos versos,
levantaremos do chão."
Vi então uma menina.
Sua cor era: que linda.
Vejo-a tão peregrina
e tristemente me enrisonho.
Ponho-me a pensar que ainda
seu cabelo é cor de sonho...
"Queria pegar-te ao colo,
levar-te a ver o mar.
Sem podê-lo, me consolo
imaginando-te chorar."
II.
"Que é que aconteceu contigo,
que não rimas, que não choras?
Te esqueceste que um amigo
abranda-te o passar das horas?
Se tu escreves, tu te moves
rumo a um elevado andar.
Quero que tu te renoves
vejas que escrever é orar.
Então orarei por ti,
minha primeira comunhão.
Sei que não fui batizada
mas te quero dar a mão.
Une-te a mim pelos versos,
levantaremos do chão."
sexta-feira, 17 de maio de 2013
No vestido dos teus mares
Ler-te o mundo, agora nova,
lembra o gosto do mamão.
Lembra ser flor contra a luz,
filha em desobrigação.
Ler-te novo, mundo velho,
tem um timbre de descanso!
Ora rouco,
ora manso...
Como aqueles que ressoam
no interior de Notre-Dame.
Muito grata sou às asas
que sem saber tu me deste.
Com elas urdi minha veste
veste de filha do mundo.
O belo mar das palavras
é de longe o mais fecundo.
lembra o gosto do mamão.
Lembra ser flor contra a luz,
filha em desobrigação.
Ler-te novo, mundo velho,
tem um timbre de descanso!
Ora rouco,
ora manso...
Como aqueles que ressoam
no interior de Notre-Dame.
Muito grata sou às asas
que sem saber tu me deste.
Com elas urdi minha veste
veste de filha do mundo.
O belo mar das palavras
é de longe o mais fecundo.
superfície
Quantos de vós,
ó seres difusos
cabem n´um meu respirar?
Deus meu pai, como é confuso
respirar fora do mar!
ó seres difusos
cabem n´um meu respirar?
Deus meu pai, como é confuso
respirar fora do mar!
diamante peregrino
Samuel, meu andarilho...
Estarei te esperando
até que entres no trilho.
Até o dia que enfim chegues
dentro do meu estribilho
e em troca me presenteies
com a estranheza do teu brilho,
nos estamos esperando.
Que eu te possa me ajudar,
voltar a viver brilhando.
Estarei te esperando
até que entres no trilho.
Até o dia que enfim chegues
dentro do meu estribilho
e em troca me presenteies
com a estranheza do teu brilho,
nos estamos esperando.
Que eu te possa me ajudar,
voltar a viver brilhando.
ancorando
Que engraçado ir te encontrar
vestida de ver o mar.
Tu com cara de esperar
que eu não te venha a lembrar!
Obrigada, parabéns.
Bom saber que tu me tens.
Nem tanto ao mar...
Sim, por certo.
Terra à vista
é estar mais perto.
vestida de ver o mar.
Tu com cara de esperar
que eu não te venha a lembrar!
Obrigada, parabéns.
Bom saber que tu me tens.
Nem tanto ao mar...
Sim, por certo.
Terra à vista
é estar mais perto.
"todas estas pegadas eu já conheço"
Momento particular de fazer milagre:
deitar na grama e
ficar olhando para aquela lanterna da alma,
esquecida acesa lá no céu.
Toda marcas de sapatos
porém branca como véu.
deitar na grama e
ficar olhando para aquela lanterna da alma,
esquecida acesa lá no céu.
Toda marcas de sapatos
porém branca como véu.
o bom pai
Ai que belo é o país
desta Língua Portuguesa!
Tantas formas e raízes
Normas, rimas, diretrizes...
Nele estão tantos matizes
quanto os têm a água fria.
Desamarrou-lhe as barreiras
Esmigalhou-lhe as fronteiras
este seco fresco vento
que se chama poesia.
desta Língua Portuguesa!
Tantas formas e raízes
Normas, rimas, diretrizes...
Nele estão tantos matizes
quanto os têm a água fria.
Desamarrou-lhe as barreiras
Esmigalhou-lhe as fronteiras
este seco fresco vento
que se chama poesia.
nem tanto ao mar
- "Diz-me, que te foi deixando
dura e encruada assim?
Eras crua, hoje és nua
Nua de interesse em mim...
- Não sejas tão complacente.
Assusta o que muito sente!"
Sinto que és como a maré
à mercê da tempestade.
Deixas que te invada o vento
infiel da minha vontade.
E que se te evada o alento
frente ao frio da minha verdade...
Perdes um pedaço cada
vez que apraz-me não ser fada.
As tuas luzes já não piscam
dentro da minha cidade...
E a flor do meu desejo
se apequena, vai murchando.
Se enraíza firme à terra
do não deixar esperando.
dura e encruada assim?
Eras crua, hoje és nua
Nua de interesse em mim...
- Não sejas tão complacente.
Assusta o que muito sente!"
Sinto que és como a maré
à mercê da tempestade.
Deixas que te invada o vento
infiel da minha vontade.
E que se te evada o alento
frente ao frio da minha verdade...
Perdes um pedaço cada
vez que apraz-me não ser fada.
As tuas luzes já não piscam
dentro da minha cidade...
E a flor do meu desejo
se apequena, vai murchando.
Se enraíza firme à terra
do não deixar esperando.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
em boca bonita, palavra espevita
Quando me castigas
mastigas minha voz,
desatam-se em mim
dois milhares de nós.
Quando com teus acordes
tu mordes meus gritos,
aquietam-se dentro
mil anjos aflitos.
Aquela que eu era
se torna macia.
Quem queres que eu seja
sacia sacia.
mastigas minha voz,
desatam-se em mim
dois milhares de nós.
Quando com teus acordes
tu mordes meus gritos,
aquietam-se dentro
mil anjos aflitos.
Aquela que eu era
se torna macia.
Quem queres que eu seja
sacia sacia.
fisga, musgo
A sereia foi de escada
renadando, entrou no mar.
Rebolante, esgueirou-se
pelo ondular do Amar.
Rima e pesca, essa sereia.
Sobretudo em vida cheia.
Foi de escada e virou isca
foi iscada a odalisca.
É arisca e o corpo chama.
Pisca até a última escama.
renadando, entrou no mar.
Rebolante, esgueirou-se
pelo ondular do Amar.
Rima e pesca, essa sereia.
Sobretudo em vida cheia.
Foi de escada e virou isca
foi iscada a odalisca.
É arisca e o corpo chama.
Pisca até a última escama.
cão que ladra, morde
Ai ladrão da minha calma,
cão que mordes os meus gritos.
Tu transmudas minha alma
em tantos novos agitos!
Se em meus apelos há peles
aflitas
e em meus cabelos
emoções contritas,
É por teu desmedo
que tanto me excitas.
Desmedes teu cedo.
Em ti acreditas.
cão que mordes os meus gritos.
Tu transmudas minha alma
em tantos novos agitos!
Se em meus apelos há peles
aflitas
e em meus cabelos
emoções contritas,
É por teu desmedo
que tanto me excitas.
Desmedes teu cedo.
Em ti acreditas.
janelas da calma
Mil estrelas tive que mirar,
olhos nos olhos o céu contemplar.
Até que chegasse gentil cavalheiro
que, chapéu na mão,
me estendesse ao altar.
Cumpriste a missão, céu.
Já posso chorar.
olhos nos olhos o céu contemplar.
Até que chegasse gentil cavalheiro
que, chapéu na mão,
me estendesse ao altar.
Cumpriste a missão, céu.
Já posso chorar.
ballet monet
Ai tarde que é toda minha,
te quedaste toda presa.
Presa a um quadro impressionista...
Mestra de tão bela vista,
esquadrinhai minha Arte!
Permiti-me fazer parte,
ser do mundo a colorista...
...Cada vez que assim te olho
fico a morrer de saudade.
Saio a colorir teus olhos
com o castanho da vontade!
te quedaste toda presa.
Presa a um quadro impressionista...
Mestra de tão bela vista,
esquadrinhai minha Arte!
Permiti-me fazer parte,
ser do mundo a colorista...
...Cada vez que assim te olho
fico a morrer de saudade.
Saio a colorir teus olhos
com o castanho da vontade!
naco de lua
Te ofereci uma dor,
brindaste com teu Desnão.
Me acolheste com esplendor,
eis aqui minha gratidão:
Farta noite,
espessa
linda,
tão nova que
mama, ainda.
Toda vem,
me contamina,
quero ser-te uma menina!
Eu não quero ser lagoa
que fica à mercê do rio...
Quero ser quente oceano
e te proteger do frio.
brindaste com teu Desnão.
Me acolheste com esplendor,
eis aqui minha gratidão:
Farta noite,
espessa
linda,
tão nova que
mama, ainda.
Toda vem,
me contamina,
quero ser-te uma menina!
Eu não quero ser lagoa
que fica à mercê do rio...
Quero ser quente oceano
e te proteger do frio.
sábado, 30 de março de 2013
crepuscular
E será que num rompante
te aprouveu, sem mais, dizer:
"Sê bem vinda, lua arfante!
Boa tarde, anoitecer"?
Se o que eu digo sempre geme
ante o teu anoitecer,
vou tecer algo que treme,
criar-te um anoitrecer.
Sê bem vinda, lua nova.
Te convido a renascer.
Seja meu o teu regaço.
Enche-me de bem-querer.
Será que no mesmo instante
não terás tu dito assim?:
"Bom dia, noite chamuscante!
Tens que cheiro de alecrim!
Ó que tenhas um bom dia,
flamejante amor marfim!
E que tragas boas novas.
Chega antes do teu fim!"
O dia à dor se parece:
entardece, entristecer.
Cessa a dor, à rosa aquece.
Como é cedo fenecer!
te aprouveu, sem mais, dizer:
"Sê bem vinda, lua arfante!
Boa tarde, anoitecer"?
Se o que eu digo sempre geme
ante o teu anoitecer,
vou tecer algo que treme,
criar-te um anoitrecer.
Sê bem vinda, lua nova.
Te convido a renascer.
Seja meu o teu regaço.
Enche-me de bem-querer.
Será que no mesmo instante
não terás tu dito assim?:
"Bom dia, noite chamuscante!
Tens que cheiro de alecrim!
Ó que tenhas um bom dia,
flamejante amor marfim!
E que tragas boas novas.
Chega antes do teu fim!"
O dia à dor se parece:
entardece, entristecer.
Cessa a dor, à rosa aquece.
Como é cedo fenecer!
pedaço de nome
murcha a rosa,
vive o cheiro.
ah, ser sempre majestade!
sempre estar a fenecer
e acordar sempre em janeiro!
vive o cheiro.
ah, ser sempre majestade!
sempre estar a fenecer
e acordar sempre em janeiro!
quarta-feira, 27 de março de 2013
farolando
Muitas voltas circundantes
tivemos que completar.
Até entrar no objetivo
e chegar ao núcleo:
amar.
Muitos morros trepidantes
nós tivemos
que
galgar.
Separar espinho e pedra
de flor
a de
sa
bro
char.
Temos tantos marolejos
quantas ondas tem o mar.
tivemos que completar.
Até entrar no objetivo
e chegar ao núcleo:
amar.
Muitos morros trepidantes
nós tivemos
que
galgar.
Separar espinho e pedra
de flor
a de
sa
bro
char.
Temos tantos marolejos
quantas ondas tem o mar.
segunda-feira, 25 de março de 2013
prolonga-se o verde
Como a planta vai crescendo
rumo ao extremo sol do mundo,
amar-te vai me alongando
rumo ao que há de mais fecundo.
Botão de flor que se espicha
pra espiar os céu profundos,
como podem minhas raízes
se nutrirem de segundos?
Sou uma folha espalmada
à mercê da identidade.
Prestes a ser tinturada
com o verde da tua verdade.
Amar-te é tão maciço!
rumo ao extremo sol do mundo,
amar-te vai me alongando
rumo ao que há de mais fecundo.
Botão de flor que se espicha
pra espiar os céu profundos,
como podem minhas raízes
se nutrirem de segundos?
Sou uma folha espalmada
à mercê da identidade.
Prestes a ser tinturada
com o verde da tua verdade.
Amar-te é tão maciço!
o uivo dos navegantes
I.
Sei que sete são meus pais,
sou a neta de Netuno.
Quando aporto aqui no cais
voltas a te sentir uno.
O que podes querer mais
que uma sereia sem cauda?
Não vejo por que te vais...
A quem dás tua esmeralda...
Sei por certo a quem não dás,
com meu pranto o mar salguei.
Se não estás, diz, que me importa
ir a desposar o rei?
II.
Sete amos são teus pais,
bela neta de Netuno.
Quando chegas ao meu cais
com o mar eu me reúno.
O que posso querer mais,
mais além da tua cauda?
Nunca sei por que te vais...
Quem tem tua cereja em calda...
E por que não dá-la a mim?
Meu pesar o mar salgou!...
Por teus lábios de carmim
meu desejo naufragou...
Sei que sete são meus pais,
sou a neta de Netuno.
Quando aporto aqui no cais
voltas a te sentir uno.
O que podes querer mais
que uma sereia sem cauda?
Não vejo por que te vais...
A quem dás tua esmeralda...
Sei por certo a quem não dás,
com meu pranto o mar salguei.
Se não estás, diz, que me importa
ir a desposar o rei?
II.
Sete amos são teus pais,
bela neta de Netuno.
Quando chegas ao meu cais
com o mar eu me reúno.
O que posso querer mais,
mais além da tua cauda?
Nunca sei por que te vais...
Quem tem tua cereja em calda...
E por que não dá-la a mim?
Meu pesar o mar salgou!...
Por teus lábios de carmim
meu desejo naufragou...
enfim, infante
Você
é a minha nova quebrada
A coisa mais delicada
que até hoje eu já vi
Você
é meu mais novo delírio
a sua boca é meu martírio
pelo qual quero morrer
Vem
vem me dar a sua boca
que a vontade não é pouca
de junto a ti derreter
Vem
faz pra mim essa toada
que quando for madrugada
a vida vai ser maior
És
minha orquídea machucada
cultivada pela fada
ensinada a amar de cor
é a minha nova quebrada
A coisa mais delicada
que até hoje eu já vi
Você
é meu mais novo delírio
a sua boca é meu martírio
pelo qual quero morrer
Vem
vem me dar a sua boca
que a vontade não é pouca
de junto a ti derreter
Vem
faz pra mim essa toada
que quando for madrugada
a vida vai ser maior
És
minha orquídea machucada
cultivada pela fada
ensinada a amar de cor
lutador
Quando vens e me fitas
com teus olhos de samurai,
dentro de mim algo despenca
amorosamente cai.
com teus olhos de samurai,
dentro de mim algo despenca
amorosamente cai.
corre grande risco
"Eu te vi em meus rabiscos,
te sonhei em melodia.
Quero correr tantos riscos
quantas cores tem o dia.
Então fica combinado,
vem esquecer o passado.
Ao eterno estou fadado
antes de ter te encontrado..."
te sonhei em melodia.
Quero correr tantos riscos
quantas cores tem o dia.
Então fica combinado,
vem esquecer o passado.
Ao eterno estou fadado
antes de ter te encontrado..."
vaticínio
És meu sopro de verdade,
o que o mar me prometeu.
Meu pedaço de vontade
que o oceano devolveu.
Na distante maresia
algo se desescondeu.
Encomendei: "Maré fria,
traz de volta o que era meu."
És meu sopro de aventura,
minha fada machucada.
Minha caixa de ternura
de textura amendoada.
o que o mar me prometeu.
Meu pedaço de vontade
que o oceano devolveu.
Na distante maresia
algo se desescondeu.
Encomendei: "Maré fria,
traz de volta o que era meu."
És meu sopro de aventura,
minha fada machucada.
Minha caixa de ternura
de textura amendoada.
quinta-feira, 21 de março de 2013
developper
Vem à baila, bailarina
e toda me contamina.
Para sempre, totalmente
vem cá ser a minha sina!
e toda me contamina.
Para sempre, totalmente
vem cá ser a minha sina!
doa a quem doar
A tua amêndoa me abençoa
e sei que é para o meu bem.
Por mais que em mim o Amém doa
soa bem, me leva além.
e sei que é para o meu bem.
Por mais que em mim o Amém doa
soa bem, me leva além.
acastanhado
Tens um jeito amendoado
de avelã e de maçã.
Gosto de algo que começa
e é sempre de manhã.
Quanto menos tu tens pressa
em acalmar o meu afã
mais sossega-se a promessa
de a vida ser amanhã...
(Vem o amor, me prega peça
dá a meu frio a melhor lã.)
de avelã e de maçã.
Gosto de algo que começa
e é sempre de manhã.
Quanto menos tu tens pressa
em acalmar o meu afã
mais sossega-se a promessa
de a vida ser amanhã...
(Vem o amor, me prega peça
dá a meu frio a melhor lã.)
o matiz da meretriz
Tens, amor, um nome verde
como a cor de um bem-te-vi.
Como toda a minha vida
depois que te conheci...
Quero usar vestido verde,
me tornar tua esmeralda.
Tocar flauta em notas verdes
que sou tua cereja em calda...
Como lanterna chinesa,
natural da cor da cana,
minha vida está acesa,
verde folha jamaicana.
como a cor de um bem-te-vi.
Como toda a minha vida
depois que te conheci...
Quero usar vestido verde,
me tornar tua esmeralda.
Tocar flauta em notas verdes
que sou tua cereja em calda...
Como lanterna chinesa,
natural da cor da cana,
minha vida está acesa,
verde folha jamaicana.
verde-gris
Vem pirata cor de céu,
céu que acaba de chover.
Vem ver como o teu orvalho
fez-me toda renascer!
Vem ver como o encanto,
quando chega, não desfaz.
Vem viver como as palavras
não acabam nunca mais!
Não existe mais perigo,
ficou só o arrepio.
O que é doce achou abrigo,
minha alma entrou no cio...
céu que acaba de chover.
Vem ver como o teu orvalho
fez-me toda renascer!
Vem ver como o encanto,
quando chega, não desfaz.
Vem viver como as palavras
não acabam nunca mais!
Não existe mais perigo,
ficou só o arrepio.
O que é doce achou abrigo,
minha alma entrou no cio...
terça-feira, 19 de março de 2013
por ser belo, por ser lindo
e porque nos faz chorar:
homenagem a Vinicius,
mestre do tempero amar.
e porque nos faz chorar:
homenagem a Vinicius,
mestre do tempero amar.
São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
a miúdo, úmido
Que meus versos possam sempre
servir-te como alimento.
Como as plantas não fenecem
graças à chuva e ao vento...
servir-te como alimento.
Como as plantas não fenecem
graças à chuva e ao vento...
com quantas pérolas
Lágrima é miracular.
Com mil lágrimas se faz um milagre.
Te ofereço de presente
um colar bem diferente.
Em ti nasce a minha milágrima.
Com mil lágrimas se faz um milagre.
Te ofereço de presente
um colar bem diferente.
Em ti nasce a minha milágrima.
ferve, favo de mel
Vem até mim, Fevereiro,
quero ver-te desfilar.
Tens gosto de brigadeiro
e uma graça no dançar.
Estando o ano inaugurado
por um sisudo janeiro,
oferece-me o teu fado:
ser prazer um ano inteiro...
"Às favas com Fevereiro!"
- diz-me então a triste fada.
Que esqueceu o quão matreiro
é ser sempre madrugada...
No fervor de Fevereiro
eu me quero afogar.
Frevo e fervilho faceiro.
Eu te quero namorar.
quero ver-te desfilar.
Tens gosto de brigadeiro
e uma graça no dançar.
Estando o ano inaugurado
por um sisudo janeiro,
oferece-me o teu fado:
ser prazer um ano inteiro...
"Às favas com Fevereiro!"
- diz-me então a triste fada.
Que esqueceu o quão matreiro
é ser sempre madrugada...
No fervor de Fevereiro
eu me quero afogar.
Frevo e fervilho faceiro.
Eu te quero namorar.
a ouvido pequeno
"O que tanto te perturba
neste eterno escrever?
Ser palavra é vir em turba
e assim ser até morrer..."
neste eterno escrever?
Ser palavra é vir em turba
e assim ser até morrer..."
adeus aos doces
No aeroporto de Miami
ouço alguém dizer " me ame".
E chorava ao telefone
a bonita moça insone...
Deixa estar, minha querida.
Não perturbe o coração.
Ele sabe em que avenida
encontrar sua canção...
Faça apenas um espaço
para a dor se encaixar.
Deixa entrar bem o cansaço
até onde suportar.
E verá que não é o tempo
que a fará melhorar.
Foi o seu grande respeito
de se permitir se amar...
ouço alguém dizer " me ame".
E chorava ao telefone
a bonita moça insone...
Deixa estar, minha querida.
Não perturbe o coração.
Ele sabe em que avenida
encontrar sua canção...
Faça apenas um espaço
para a dor se encaixar.
Deixa entrar bem o cansaço
até onde suportar.
E verá que não é o tempo
que a fará melhorar.
Foi o seu grande respeito
de se permitir se amar...
blue note
E és tu meu pó de estrela,
o azul do meu caminho.
Um azul de rosa bela
que aceitou o seu espinho...
o azul do meu caminho.
Um azul de rosa bela
que aceitou o seu espinho...
caixa de música
bem-te-vi com beija-flor...
isso vai dar em amor.
seja lá como isso for,
quer ver como consegui?
bem-te-flor e
beija-vi...
foi em ti que achei minha cor.
te beijei pois bem te vi.
isso vai dar em amor.
seja lá como isso for,
quer ver como consegui?
bem-te-flor e
beija-vi...
foi em ti que achei minha cor.
te beijei pois bem te vi.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
véu
Que de amores sempre caias,
tudo recompensa a dor.
Como o vento insufla as saias
tu me inspiras ao amor...
tudo recompensa a dor.
Como o vento insufla as saias
tu me inspiras ao amor...
roseiral
Nada daquilo que existe
- do arrebol ao arco-íris -
ao teu encanto resiste.
Tudo é para conseguires.
- do arrebol ao arco-íris -
ao teu encanto resiste.
Tudo é para conseguires.
aquarela
Lindo e belo arco-íris,
me recordas meu amor:
"Tudo é para conseguires,
não importa aonde eu for..."
me recordas meu amor:
"Tudo é para conseguires,
não importa aonde eu for..."
esmeralda
Ai, Pedaço de Ciúme.
Como pode tanto lume?
Como fui ter tanta sorte?
És tão fora do costume...
Brilho. Brilho.
Muito brilho.
Teu olhar é meu gatilho.
Dele não me desvencilho
quero ser-lhe o andarilho...
Como pode tanto lume?
Como fui ter tanta sorte?
És tão fora do costume...
Brilho. Brilho.
Muito brilho.
Teu olhar é meu gatilho.
Dele não me desvencilho
quero ser-lhe o andarilho...
terra à vista
Vem, pirata tão mansinho,
me desdobra de carinho.
Vem matar minha charada
de manso não teres nada...
me desdobra de carinho.
Vem matar minha charada
de manso não teres nada...
sábado, 26 de janeiro de 2013
"tu não sabes da missa a metade"
Quero ser-te um longo cisne,
de pescoço bem comprido.
Satisfazer o que pede
teu instinto querido..
de pescoço bem comprido.
Satisfazer o que pede
teu instinto querido..
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
terra libera
Quando eu for tupiniquim
em longe terra fronteiriça
tu vais ser o meu quindim,
tudo aquilo que me atiça.
Quando eu for tupinambá
no solo da Coca-Cola
tu vais ser meu baobá
meu macio colchão de mola.
E eu vou te querer ardente
como no primeiro olhar
em que o sol tão de repente
passou a nos habitar
em longe terra fronteiriça
tu vais ser o meu quindim,
tudo aquilo que me atiça.
Quando eu for tupinambá
no solo da Coca-Cola
tu vais ser meu baobá
meu macio colchão de mola.
E eu vou te querer ardente
como no primeiro olhar
em que o sol tão de repente
passou a nos habitar
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
'click'
Então o menino canhoto
com o sorriso bem maroto
disse-me: "Se o mundo é roto
temos que ser-lhe o piloto."
com o sorriso bem maroto
disse-me: "Se o mundo é roto
temos que ser-lhe o piloto."
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
la colombe / "no coração de Deus"
se crês que a paz te pertence
mas já não a encontras mais
te ofereço que repenses:
tu que pertences à paz.
mas já não a encontras mais
te ofereço que repenses:
tu que pertences à paz.
remota maré
"Tua alma de esmeralda
o meu corpo incendeia.
Te ofereço minha cauda:
ela vai ser tua ceia."
Pirata marujo almeja
os encantos da sereia.
Os seus lábios de cereja,
seu riso que chicoteia.
E este corpo tão risonho
o pirata esfaqueia.
O que é belo vira sonho
estendido na areia.
O que o pirata deseja
desta mulher Peixe arisca?
Que ela diga enquanto beija:
"Quero ser tudo que pisca".
E depois que a maré baixa
e de novo a lua é cheia
Sonho no sonho se encaixa
alma em alma serpenteia.
o meu corpo incendeia.
Te ofereço minha cauda:
ela vai ser tua ceia."
Pirata marujo almeja
os encantos da sereia.
Os seus lábios de cereja,
seu riso que chicoteia.
E este corpo tão risonho
o pirata esfaqueia.
O que é belo vira sonho
estendido na areia.
O que o pirata deseja
desta mulher Peixe arisca?
Que ela diga enquanto beija:
"Quero ser tudo que pisca".
E depois que a maré baixa
e de novo a lua é cheia
Sonho no sonho se encaixa
alma em alma serpenteia.
adoçante
Não me venhas com amor
que estou cheio de desejo.
A não ser que esse ardor
venha com a cor do beijo.
que estou cheio de desejo.
A não ser que esse ardor
venha com a cor do beijo.
de pluma
Um pássaro disse a outro
o que eu sou quando te fito:
"Como o vento voa solto
eu te quero ao infinito..."
o que eu sou quando te fito:
"Como o vento voa solto
eu te quero ao infinito..."
lanterna
teu olhar é meu descanso
é só nele que eu me amanso
com você eu me balanço
com você eu nunca canso
é só nele que eu me amanso
com você eu me balanço
com você eu nunca canso
fragmento de um cortejo
O uso pleno da segunda pessoa do singular,
no tratamento e na literatura, é a coisa mais erótica que existe.
"Podes tu ter a certeza
de que és volúpia pura".
no tratamento e na literatura, é a coisa mais erótica que existe.
"Podes tu ter a certeza
de que és volúpia pura".
licor e licorne
"sou um beberrum,
das palavras
enxugo o licor.
e esse ardor
não tem mais fim,
esse rum não seca em mim"
das palavras
enxugo o licor.
e esse ardor
não tem mais fim,
esse rum não seca em mim"
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
chove no Paraná
cada folha orvalhada
cata gota de floresta
deixa minha alma molhada
faz meu corpo virar festa
cata gota de floresta
deixa minha alma molhada
faz meu corpo virar festa
Pacífico
Em cada porto em que ancorar
no alto-mar eu vou estar.
A bombordo
sou gaivota.
A estibordo
maremota.
Sou maré e sou remota.
Estou distante
e estou lontante.
Maresia mergulhante.
Sou âncora e sou timão,
sou cruz e coração.
Navegando e naufragando e em tua rara luz entrando.
no alto-mar eu vou estar.
A bombordo
sou gaivota.
A estibordo
maremota.
Sou maré e sou remota.
Estou distante
e estou lontante.
Maresia mergulhante.
Sou âncora e sou timão,
sou cruz e coração.
Navegando e naufragando e em tua rara luz entrando.
follow the Yellow Brick Road
Já dizia o Poeta:
se eu quiser falar com Deus,
vou ter que me recolher,
"bonita que nem Mateus".
Vai ser uma despedida
sem indícios de Adeus.
Numa velha nova vida
vou me unir de volta aos meus.
se eu quiser falar com Deus,
vou ter que me recolher,
"bonita que nem Mateus".
Vai ser uma despedida
sem indícios de Adeus.
Numa velha nova vida
vou me unir de volta aos meus.
A Grande Transfiguração
Esta gata siamesa
enrodilhada ao meu colo
É do almoço a sobremesa
para as plantas é o solo.
É uma flor.
E me convida.
Rumo a uma nova vida.
Se esta gata tem beleza...
É porque o amor tem pureza.
enrodilhada ao meu colo
É do almoço a sobremesa
para as plantas é o solo.
É uma flor.
E me convida.
Rumo a uma nova vida.
Se esta gata tem beleza...
É porque o amor tem pureza.
folha por folha
É assim que a chuva faz
quando se deita ao capim:
misturada em meio à grama
não encontra mais seu fim.
É assim que me transformas
quando deitas sobre mim:
como a chuva rega a grama
tu me tornas alecrim...
quando se deita ao capim:
misturada em meio à grama
não encontra mais seu fim.
É assim que me transformas
quando deitas sobre mim:
como a chuva rega a grama
tu me tornas alecrim...
gota por gota
Assim como a chuva
traz a vida ao capim,
por cima de mim te deitas
e me tornas alecrim.
Assim como a chuva cai
devolvendo a vida à flor,
é assim que tu transformas
o meu corpo em amor.
Tu és a chuva que deita
e eu sou o teu capim.
Misturados pela relva
de nós dois não termos fim.
traz a vida ao capim,
por cima de mim te deitas
e me tornas alecrim.
Assim como a chuva cai
devolvendo a vida à flor,
é assim que tu transformas
o meu corpo em amor.
Tu és a chuva que deita
e eu sou o teu capim.
Misturados pela relva
de nós dois não termos fim.
estorninho
Viver para sentir
a magia promíscua
da palavra Almíscar.
Alquimia
açucarada.
Imiscuída,
mascarada.
Conspícua
e arisca,
prostituída
a letra pisca.
a magia promíscua
da palavra Almíscar.
Alquimia
açucarada.
Imiscuída,
mascarada.
Conspícua
e arisca,
prostituída
a letra pisca.
sal, estrela
Quando eu te voltar a ver
eu não sei mais quem vou ser.
Talvez seja uma gaivota
quando me mostrar devota.
Talvez seja um albatroz
quando ficarmos a sós.
Ou quem sabe um chafariz
se me apertas os quadris.
Ou um enorme arranha-céu
quando eu destilar meu mel...
Talvez seja alecrim
quando deitada ao capim.
(Sobre o qual a chuva deita
quando deitas sobre mim.)
eu não sei mais quem vou ser.
Talvez seja uma gaivota
quando me mostrar devota.
Talvez seja um albatroz
quando ficarmos a sós.
Ou quem sabe um chafariz
se me apertas os quadris.
Ou um enorme arranha-céu
quando eu destilar meu mel...
Talvez seja alecrim
quando deitada ao capim.
(Sobre o qual a chuva deita
quando deitas sobre mim.)
mormaço
"Sou solito, solecito."
Sinto-me um pouco sozinho.
Quero ver um sol de Amor
estalar no meu caminho.
Grande, belo e generoso.
Em cada raio está meu ninho.
Me ensolara
Me enluara
me bronzeia de carinho.
Sinto-me um pouco sozinho.
Quero ver um sol de Amor
estalar no meu caminho.
Grande, belo e generoso.
Em cada raio está meu ninho.
Me ensolara
Me enluara
me bronzeia de carinho.
para um anjo
Esta ameixa tem o gosto
de minha vida com vovó.
A cada mordida nova
eu me sinto menos só.
de minha vida com vovó.
A cada mordida nova
eu me sinto menos só.
a sete chaves
Sou casada com a rima,
afetada sou.
Amante incestuosa
daquele que me casou.
Já não finjo, ai,
o Verbo é meu pai.
afetada sou.
Amante incestuosa
daquele que me casou.
Já não finjo, ai,
o Verbo é meu pai.
amêndoa
Então já abriu o sol,
coração abriu também.
Este raio que me atinge
me faz te querer tão bem.
Estou quente de uma febre
a qual não sei viver sem.
O raio me atinge em cheio
até o ponto de cegar.
Já estou ardendo em febre
e não quero me curar.
coração abriu também.
Este raio que me atinge
me faz te querer tão bem.
Estou quente de uma febre
a qual não sei viver sem.
O raio me atinge em cheio
até o ponto de cegar.
Já estou ardendo em febre
e não quero me curar.
anéis
Ó menino
saturnino,
já não toca mais o sino.
Costumavas ser meu hino,
o meu doce paladino...
Que aconteceu contigo?!
(ou será que foi comigo?...)
Não exalas mais perigo,
já não peço por castigo.
Deixa estar, profundamente:
encontrei um ombro-abrigo...
saturnino,
já não toca mais o sino.
Costumavas ser meu hino,
o meu doce paladino...
Que aconteceu contigo?!
(ou será que foi comigo?...)
Não exalas mais perigo,
já não peço por castigo.
Deixa estar, profundamente:
encontrei um ombro-abrigo...
"é beleza demais para que o suporte meu pequeno coração"
Quero um amor
escrito em letras medievais.
Conseguir me contentar
com o que aporta aqui no cais.
Esta sede não me larga:
"Quero mais... Quero mais..."
Em meio aos canaviais
sussurram-me, pé do ouvido,
teus instintos mais carnais.
escrito em letras medievais.
Conseguir me contentar
com o que aporta aqui no cais.
Esta sede não me larga:
"Quero mais... Quero mais..."
Em meio aos canaviais
sussurram-me, pé do ouvido,
teus instintos mais carnais.
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