terça-feira, 31 de janeiro de 2012

frágil

Ó menina,
ó menina.
Menina que chora
e que mia.
Não duvide nunca
do teu gosto pela poesia!

Como te cai bem essa cor
sobre o riso triste,
o matiz de verniz 
sobre as dores
febris.
A poesia da tua vida
está brincando nos teus cabelos!
Vês?

Ó menina cor dos dias,
não te massacre nunca a urgência
dos teus versos capen
                              guinhos.

Que há se tuas rimas
não rimarem teu sentimento?
O poema também muda
com os humores do tempo.

E é tão bela essa feiúra
que embonita teus versos,

que eles não te condenam
e inda te esperam. 

Em ti confiam.



Não se canse de procurar sua palavra-metade.

doze de junho (a la Quintana)

Ah, igreja da minha rua...
Igreja da minha vida!
É em ti que um dia caso
quando eu for menos dorida...

Quando a vida der mais gosto
que esta hora sofrida,
quem sabe tua parede
ainda seja colorida.

Tua cruz pertence à tarde
Esta tarde tão querida.
Ao final de tuas torres
principia a minha vida.

Ah, pequena 
capela.
Fosse a vida tão cheirosa
quanto rimar cravo e canela!



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

coquetel

Meu amor é feito vidro.
Pele fria, gosto frio.
Mora dentro de um mundo
Transparente e vazio.
Chorar não lhe encanta;

tem gosto de sal.
E o que nele me espanta
é a cara de mau.

É o jeito de mar
no olhar de cristal.
As pontadas marinhas
que me fazem tão mal.

E as miradas salgadas
neste mar resplandecente
atordoam, confundem..
Meu corpo está dormente.

É quando nas dobras,
nas curvas castanhas
Penetro na fonte
das ondas-façanhas.

Enfim são tranquilos
teus olhos salinos.
Um mar de água doce,
um rio cristalino.