Quando me castigas
mastigas minha voz,
desatam-se em mim
dois milhares de nós.
Quando com teus acordes
tu mordes meus gritos,
aquietam-se dentro
mil anjos aflitos.
Aquela que eu era
se torna macia.
Quem queres que eu seja
sacia sacia.
E assim vai o poeta, como hábil escultor/esculpindo em pássaro/imprimindo em nuvem/o seu amor/com lápis de cor./Lapida em tudo que é morto/quanto é bom ser vivo./Tudo que um dia foi e quis ser de novo/emerge a pleno no coração do poeta./Sereias que súbito sobem à superfície.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
fisga, musgo
A sereia foi de escada
renadando, entrou no mar.
Rebolante, esgueirou-se
pelo ondular do Amar.
Rima e pesca, essa sereia.
Sobretudo em vida cheia.
Foi de escada e virou isca
foi iscada a odalisca.
É arisca e o corpo chama.
Pisca até a última escama.
renadando, entrou no mar.
Rebolante, esgueirou-se
pelo ondular do Amar.
Rima e pesca, essa sereia.
Sobretudo em vida cheia.
Foi de escada e virou isca
foi iscada a odalisca.
É arisca e o corpo chama.
Pisca até a última escama.
cão que ladra, morde
Ai ladrão da minha calma,
cão que mordes os meus gritos.
Tu transmudas minha alma
em tantos novos agitos!
Se em meus apelos há peles
aflitas
e em meus cabelos
emoções contritas,
É por teu desmedo
que tanto me excitas.
Desmedes teu cedo.
Em ti acreditas.
cão que mordes os meus gritos.
Tu transmudas minha alma
em tantos novos agitos!
Se em meus apelos há peles
aflitas
e em meus cabelos
emoções contritas,
É por teu desmedo
que tanto me excitas.
Desmedes teu cedo.
Em ti acreditas.
janelas da calma
Mil estrelas tive que mirar,
olhos nos olhos o céu contemplar.
Até que chegasse gentil cavalheiro
que, chapéu na mão,
me estendesse ao altar.
Cumpriste a missão, céu.
Já posso chorar.
olhos nos olhos o céu contemplar.
Até que chegasse gentil cavalheiro
que, chapéu na mão,
me estendesse ao altar.
Cumpriste a missão, céu.
Já posso chorar.
ballet monet
Ai tarde que é toda minha,
te quedaste toda presa.
Presa a um quadro impressionista...
Mestra de tão bela vista,
esquadrinhai minha Arte!
Permiti-me fazer parte,
ser do mundo a colorista...
...Cada vez que assim te olho
fico a morrer de saudade.
Saio a colorir teus olhos
com o castanho da vontade!
te quedaste toda presa.
Presa a um quadro impressionista...
Mestra de tão bela vista,
esquadrinhai minha Arte!
Permiti-me fazer parte,
ser do mundo a colorista...
...Cada vez que assim te olho
fico a morrer de saudade.
Saio a colorir teus olhos
com o castanho da vontade!
naco de lua
Te ofereci uma dor,
brindaste com teu Desnão.
Me acolheste com esplendor,
eis aqui minha gratidão:
Farta noite,
espessa
linda,
tão nova que
mama, ainda.
Toda vem,
me contamina,
quero ser-te uma menina!
Eu não quero ser lagoa
que fica à mercê do rio...
Quero ser quente oceano
e te proteger do frio.
brindaste com teu Desnão.
Me acolheste com esplendor,
eis aqui minha gratidão:
Farta noite,
espessa
linda,
tão nova que
mama, ainda.
Toda vem,
me contamina,
quero ser-te uma menina!
Eu não quero ser lagoa
que fica à mercê do rio...
Quero ser quente oceano
e te proteger do frio.
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