quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

à la Adelia

Quando eu era pequena
mamãe deu-me seus encantos:
espalhou os seus segredos
por todos os meus cantos.

Me chamou de sua princesa
me deu brinco, me deu sonho.
Me alimentou na mesa
onde agora eu me ponho.

Mas um dia me atacou
a vontade: ser mulher.
E a encomenda de mamãe
de não ser mulher qualquer.

"Não vai ser alguém na vida,
tu vais ser mulher na vida!"

Eis que hoje já crescida
com orgulho, mordo os medos.
Saro eu mesma a ferida,
vou catando os arremedos.

"Que é isso mulher,
deixa de ser pequena!"
Vou e brinco: sou morena
e sonho tudo em vermelho.

É pra ti que em mim carrego
todo o amor que existe em ti.
Até o fim.
Até virar mãe.



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