terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

sereias súbitas

O poeta é aquele que imprime
suas emoções na natureza.
Nas coisas, animais e flores
para sentir-se menos sozinho.
Porque as coisas, animais e flores
são todo o seu sentimento.
O poeta quando sente
ele é todo natureza:

A matéria do amor
é um perfume inesperado
que vem e faz buraco
de saudade na memória.

A matéria da dor
é um céu enegrecido
pelas nuvens fim-de-tarde.
É um espaço-calmaria
pra nossa melancolia
ser capaz de respirar
quando chega o fim do dia.

A matéria da alegria é um gato
dormindo enroscado
a um raio de sol.

O vento deflorando as violetas.
A gaivota beijando o mar.
A garça à beira-rio
tomando banho de pedra,
barrigando o vento...

E assim vai o poeta,
como hábil escultor
imprimindo em pássaro
esculpindo em nuvem
o seu amor
com lápis de cor.
Lapida em tudo que é morto
quanto é bom ser vivo.
Tudo que um dia foi
e quis ser de novo
emerge a pleno 
no coração do poeta.
Sereias que súbito sobem à superfície.



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