terça-feira, 10 de julho de 2012

bruma


O poeta é um passarinho insone,
machucado.
Em estado de alerta,
tem o corpo assustado.

Seus olhos inchados
- enormes -
não dormiram direito essa noite.

O poeta é um passarinho que esqueceu de dormir.

São uns olhos de penumbra,
são uns olhos rabiscados...
Só se mostram quando há sombra.
São espessos e borrados.

(Poessarinho vai pousando
no rosto da cortesã:
É o resto da maquiagem
pelas sombras da manhã.)

São uns olhos de rascunho.
Brilham com a cor do chumbo.
Cor de quem vive no escuro,
cor mulher-de-todo-mundo.

Ai, boemia...
Ai, sono profundo...


O amor é um passarinho que esqueceu de morrer.

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