O poeta é um passarinho insone,
machucado.
Em estado de alerta,
tem o corpo assustado.
Seus olhos inchados
- enormes -
não dormiram direito essa noite.
O poeta é um passarinho que esqueceu de dormir.
São uns olhos de penumbra,
são uns olhos rabiscados...
Só se mostram quando há sombra.
São espessos e borrados.
(Poessarinho vai pousando
no rosto da cortesã:
É o resto da maquiagem
pelas sombras da manhã.)
São uns olhos de rascunho.
Brilham com a cor do chumbo.
Cor de quem vive no escuro,
cor mulher-de-todo-mundo.
Ai, boemia...
Ai, sono profundo...
O amor é um passarinho que esqueceu de morrer.